O CID F31 é o código internacional que identifica o transtorno bipolar na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). O transtorno bipolar é uma condição mental crônica e grave, caracterizada por oscilações extremas de humor que variam entre episódios de euforia (mania) e de depressão. Essas alterações podem impactar de maneira significativa a vida pessoal, social e profissional de quem sofre com o transtorno, comprometendo muitas vezes a capacidade de trabalho.

Diante dessas dificuldades, é comum que pessoas diagnosticadas com transtorno bipolar busquem informações sobre seus direitos previdenciários, incluindo a possibilidade de aposentadoria por invalidez, além de outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Este artigo visa esclarecer como o CID F31 pode influenciar no acesso à aposentadoria e quais são os procedimentos para conseguir os benefícios relacionados.

O que é transtorno bipolar (CID F31)?

O transtorno bipolar, identificado pelo código CID F31, é uma doença mental que provoca mudanças drásticas no humor, energia e comportamento do indivíduo. Ele é classificado em dois tipos principais:

  • Transtorno bipolar tipo I: caracterizado por episódios de mania intensa, que podem durar dias ou semanas, acompanhados de episódios depressivos profundos. A pessoa pode experimentar comportamentos imprudentes, falta de sono, delírios de grandeza, entre outros.
  • Transtorno bipolar tipo II: apresenta episódios de hipomania (uma forma mais branda de mania), alternando com episódios de depressão severa. A hipomania não é tão debilitante quanto a mania, mas ainda pode interferir nas atividades diárias.

Os episódios maníacos ou depressivos podem comprometer a capacidade de tomar decisões, lidar com o trabalho e realizar atividades cotidianas. Quando a doença não é tratada adequadamente, as flutuações de humor podem se agravar, levando a dificuldades significativas na vida social e profissional do indivíduo.

Sintomas e impacto na vida profissional

Os sintomas do transtorno bipolar variam conforme o tipo e a fase da doença (mania ou depressão). Durante os episódios maníacos, é comum observar:

  • Euforia exagerada e sensação de grandiosidade;
  • Agitação física e mental;
  • Fala acelerada e pensamentos desconexos;
  • Impulsividade, incluindo gastos excessivos e comportamentos de risco;
  • Diminuição da necessidade de sono.

Por outro lado, durante os episódios depressivos, os sintomas podem incluir:

  • Tristeza profunda e desânimo;
  • Falta de energia e apatia;
  • Problemas de concentração e indecisão;
  • Perda de interesse em atividades diárias;
  • Pensamentos suicidas.

Esses ciclos de humor podem ser imprevisíveis e, muitas vezes, dificultam a manutenção de um emprego regular. Por isso, o transtorno bipolar pode incapacitar temporária ou permanentemente a pessoa, dependendo da gravidade e da resposta ao tratamento.

O transtorno bipolar (CID F31) dá direito à aposentadoria por invalidez?

Sim, em casos graves, o transtorno bipolar pode dar direito à aposentadoria por invalidez, desde que seja comprovada a incapacidade total e permanente para o trabalho. A aposentadoria por invalidez é um benefício concedido aos segurados que, devido a uma doença ou acidente, não têm mais condições de exercer qualquer tipo de atividade remunerada.

No caso do transtorno bipolar, a aposentadoria por invalidez é considerada quando os episódios de mania e depressão são frequentes e severos, comprometendo de forma irreversível a capacidade de trabalho, mesmo após tentativas de tratamento.

Quem tem direito à aposentadoria por invalidez por transtorno bipolar?

Para ter direito à aposentadoria por invalidez, é necessário cumprir alguns requisitos:

  • Ser segurado do INSS, ou seja, ter realizado contribuições previdenciárias;
  • Comprovar, por meio de perícia médica, a incapacidade total e permanente para o trabalho;
  • Cumprir o período de carência, que é de 12 meses de contribuições ao INSS, exceto em casos de doenças graves que dispensam essa carência.

No caso do transtorno bipolar, o laudo médico deverá descrever detalhadamente o histórico da doença, os tratamentos realizados, e o impacto que a condição causa na capacidade de trabalhar e se relacionar socialmente.

Auxílio doença para quem tem transtorno bipolar

O auxílio doença é um benefício concedido aos segurados que estão temporariamente incapacitados para o trabalho devido a doença ou acidente. No caso do transtorno bipolar, o benefício pode ser solicitado se os episódios maníacos ou depressivos forem graves o suficiente para impedir o trabalho por um período prolongado.

Diferente da aposentadoria por invalidez, o auxílio doença é um benefício temporário e pode ser concedido enquanto o paciente estiver em tratamento ou recuperação. Quando a incapacidade é avaliada como permanente, o auxílio doença pode ser convertido em aposentadoria por invalidez.

Como solicitar o auxílio doença ou a aposentadoria por invalidez

Para dar entrada no auxílio doença ou aposentadoria por invalidez, o segurado deve seguir os seguintes passos:

  1. Acessar o site ou aplicativo Meu INSS e agendar uma perícia médica;
  2. Reunir todos os documentos médicos, incluindo laudos, exames, receitas e relatórios psiquiátricos que comprovem o diagnóstico de transtorno bipolar e a incapacidade para o trabalho;
  3. Comparecer à perícia médica do INSS no dia agendado, onde o médico perito avaliará o caso.

Se a perícia comprovar a incapacidade temporária, o auxílio doença será concedido. Caso seja comprovada a incapacidade total e permanente, o benefício pode ser convertido em aposentadoria por invalidez.

Isenção de imposto de renda para aposentados por invalidez

Os aposentados por invalidez, incluindo aqueles diagnosticados com transtorno bipolar, podem ter direito à isenção do Imposto de Renda. Para isso, é necessário que a aposentadoria tenha sido concedida por motivo de incapacidade total e permanente, comprovada por laudo médico. A isenção deve ser solicitada junto à Receita Federal, com a apresentação de documentos que comprovem o direito ao benefício.

Benefício de prestação continuada (BPC/LOAS) para portadores de transtorno bipolar

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), garante o pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência ou idosos que não têm condições de se sustentar financeiramente. Para pessoas com transtorno bipolar em estado grave que não conseguem contribuir para a Previdência Social, o BPC pode ser uma alternativa.

Para solicitar o BPC, é necessário:

  • Comprovar a incapacidade para o trabalho por meio de perícia médica;
  • Ter uma renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.

Como funciona a perícia médica do INSS para transtorno bipolar

A perícia médica do INSS é um dos pontos mais importantes no processo de concessão de benefícios para quem sofre de transtorno bipolar. Durante a perícia, o médico perito avaliará a documentação médica apresentada, o estado atual do paciente e o impacto que o transtorno bipolar tem na sua capacidade de trabalho.

É importante que o segurado apresente laudos e relatórios detalhados, com descrição do diagnóstico, histórico de tratamento, episódios maníacos e depressivos e como esses fatores afetam sua vida profissional e pessoal. Caso o perito conclua que a incapacidade é temporária, o auxílio doença será concedido. Se for constatada incapacidade total e permanente, o benefício pode ser a aposentadoria por invalidez.

O que fazer se o benefício for negado?

Caso o pedido de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez seja negado, o segurado pode:

  • Entrar com um recurso administrativo dentro do próprio INSS, apresentando novos documentos que comprovem a incapacidade;
  • Buscar assistência jurídica e entrar com uma ação judicial para garantir o direito ao benefício.

A negativa do INSS pode ser contestada, e em muitos casos, a Justiça decide favoravelmente ao segurado com base em laudos e pareceres médicos que comprovem a gravidade da condição.

Considerações finais

O transtorno bipolar é uma condição mental grave que pode causar enormes dificuldades na vida profissional e social de quem o possui. Com o diagnóstico correto, tratamento adequado e documentação médica detalhada, é possível obter benefícios previdenciários como o auxílio doença ou a aposentadoria por invalidez, garantindo assim o suporte financeiro necessário para lidar com as limitações impostas pela doença.

Entender os direitos e os procedimentos para solicitar esses benefícios é essencial para assegurar uma vida mais digna para os portadores de transtorno bipolar, além de possibilitar que recebam o tratamento e o apoio adequados durante os momentos de maior vulnerabilidade.