A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dor generalizada no corpo, fadiga intensa e distúrbios do sono, entre outros sintomas que afetam a qualidade de vida. Muitas pessoas com fibromialgia se questionam sobre a possibilidade de conseguir a aposentadoria por invalidez devido à gravidade de sua condição e a incapacidade de continuar trabalhando. Este artigo abordará todos os aspectos relacionados à fibromialgia e como ela pode influenciar o direito à aposentadoria por invalidez, além de explicar o processo para requerer esse benefício.

O que é fibromialgia?

A fibromialgia é uma síndrome crônica que causa dor musculoesquelética difusa e sensibilidade em várias partes do corpo. Embora não tenha uma causa claramente definida, acredita-se que esteja relacionada a alterações na forma como o cérebro e a medula espinhal processam sinais de dor.

Os principais sintomas da fibromialgia incluem:

  • Dor generalizada e sensibilidade em várias áreas do corpo
  • Fadiga extrema, mesmo após uma noite de sono
  • Distúrbios do sono, como insônia ou sono não reparador
  • Problemas cognitivos, como dificuldade de concentração e memória (frequentemente chamados de “fibro fog”)
  • Ansiedade e depressão
  • Dores de cabeça frequentes
  • Rigidez muscular, especialmente pela manhã

Esses sintomas variam de pessoa para pessoa, mas, para muitos, a condição torna atividades cotidianas e profissionais extremamente difíceis ou mesmo impossíveis de serem realizadas.

Fibromialgia e a capacidade de trabalho

Embora a fibromialgia seja uma doença invisível, seus efeitos podem ser devastadores. Pacientes muitas vezes enfrentam dificuldades em manter rotinas de trabalho devido à dor constante, ao cansaço extremo e à falta de concentração, fatores que afetam seu desempenho e sua saúde mental. Em casos graves, a fibromialgia pode incapacitar o trabalhador de forma significativa, levando-o a buscar auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

É importante lembrar que nem todos os pacientes com fibromialgia serão elegíveis para a aposentadoria por invalidez. A concessão desse benefício depende da gravidade dos sintomas, do impacto na capacidade laboral e da documentação médica que comprove a incapacidade.

A fibromialgia dá direito à aposentadoria por invalidez?

A fibromialgia, por si só, não garante automaticamente o direito à aposentadoria por invalidez. No entanto, se a condição for suficientemente grave a ponto de impedir o segurado de realizar qualquer tipo de trabalho, e se não houver perspectivas de reabilitação para outra função, o INSS poderá conceder a aposentadoria por invalidez.

Para ter direito a essa aposentadoria, é necessário que o paciente cumpra alguns critérios:

  • Incapacidade total e permanente para o trabalho: a fibromialgia deve estar associada a uma incapacidade que impossibilite o segurado de exercer qualquer atividade laboral de forma irreversível. É fundamental que a condição seja bem documentada por médicos especialistas.
  • Qualidade de segurado: o trabalhador deve estar contribuindo para o INSS no momento em que a incapacidade foi constatada ou estar dentro do período de graça, que mantém a condição de segurado mesmo sem contribuições por até 12 a 36 meses, dependendo do caso.
  • Período de carência: normalmente, é exigido que o segurado tenha ao menos 12 meses de contribuições ao INSS para solicitar a aposentadoria por invalidez. No entanto, em casos de doenças que não exigem carência ou condições muito graves, esse requisito pode ser dispensado.

Como solicitar a aposentadoria por invalidez em casos de fibromialgia

Para solicitar a aposentadoria por invalidez devido à fibromialgia, o segurado deve seguir alguns passos importantes e reunir a documentação necessária. Veja o que fazer:

Agendamento da perícia médica

O primeiro passo é agendar uma perícia médica no INSS, que pode ser feito pelo site ou aplicativo “Meu INSS” ou pelo telefone 135. Durante a perícia, o médico do INSS avaliará se a fibromialgia realmente impossibilita o segurado de trabalhar de forma definitiva.

Documentos necessários

É imprescindível que o segurado apresente uma série de documentos médicos que comprovem a gravidade da fibromialgia e o impacto da doença em sua capacidade de trabalho. Esses documentos incluem:

  • Laudos médicos de especialistas, como reumatologistas, descrevendo a doença e sua evolução
  • Relatórios de tratamentos realizados, como terapias físicas, medicações e intervenções
  • Atestados médicos detalhando as limitações impostas pela fibromialgia
  • Exames complementares, se houver, que ajudem a corroborar o diagnóstico

Além da documentação médica, o segurado também deve apresentar seus documentos pessoais, como RG, CPF, carteira de trabalho e comprovante de residência, além de seu histórico de contribuições ao INSS.

Perícia médica

A perícia médica é a etapa decisiva do processo. O médico perito do INSS irá avaliar se a fibromialgia é severa o suficiente para justificar a aposentadoria por invalidez. O perito considerará a documentação apresentada e fará uma análise clínica do estado de saúde do segurado.

Se a incapacidade for confirmada, o INSS concederá o benefício de aposentadoria por invalidez. Caso o INSS entenda que o segurado ainda pode ser reabilitado para outra função ou que a condição não é grave o suficiente, o pedido poderá ser negado ou o segurado poderá ser encaminhado para o auxílio-doença, um benefício temporário.

Revisão da aposentadoria por invalidez

Mesmo após a concessão da aposentadoria por invalidez, o INSS realiza revisões periódicas do benefício. Essas revisões são feitas para verificar se a condição do segurado se mantém inalterada ou se houve alguma melhora que permita o retorno ao trabalho.

Pessoas com mais de 55 anos que recebem aposentadoria por invalidez há mais de 15 anos, assim como segurados com 60 anos ou mais, estão isentas de passar por essas revisões periódicas, a menos que haja suspeita de fraude.

Diferenças entre aposentadoria por invalidez e auxílio-doença

Muitos pacientes com fibromialgia inicialmente solicitam o auxílio-doença, pois nem todos os casos apresentam incapacidade permanente logo de início. O auxílio-doença é um benefício temporário, concedido quando o segurado está incapacitado de trabalhar por um período, mas ainda existe a possibilidade de recuperação.

Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida apenas quando a incapacidade é considerada irreversível e permanente, sem chances de reabilitação para o trabalho. Enquanto o auxílio-doença exige perícias periódicas até que o segurado esteja apto a retornar ao trabalho ou tenha sua condição reavaliada, a aposentadoria por invalidez é permanente, salvo quando há convocações para revisão, como mencionado anteriormente.

Direitos adicionais dos aposentados por invalidez

Além do valor do benefício, o segurado aposentado por invalidez pode ter direito a um acréscimo de 25% no valor da aposentadoria, caso precise de assistência permanente de outra pessoa para realizar atividades básicas do dia a dia, como se alimentar, se vestir ou tomar banho. Esse adicional é previsto no artigo 45 da Lei nº 8.213/1991.

Esse acréscimo deve ser solicitado ao INSS, mediante a comprovação da necessidade de cuidados constantes por meio de relatórios médicos e perícia.

Considerações finais

A fibromialgia é uma condição que pode trazer limitações físicas e emocionais significativas, e em muitos casos, pode tornar-se incapacitante a ponto de impossibilitar o trabalho. No entanto, a concessão da aposentadoria por invalidez para pacientes com fibromialgia depende de uma análise cuidadosa da gravidade dos sintomas e da documentação médica apresentada.

É fundamental que o segurado esteja bem informado sobre seus direitos e reúna todas as evidências necessárias para comprovar sua incapacidade laboral. Além disso, caso o pedido seja negado, o segurado pode recorrer administrativamente ou buscar orientação jurídica para garantir seus direitos previdenciários.

A aposentadoria por invalidez é um benefício essencial para aqueles que, devido à fibromialgia ou outras condições crônicas, não conseguem mais exercer atividades profissionais, oferecendo o suporte financeiro necessário para que possam enfrentar a doença com mais segurança e dignidade.