Recorrer de multas de trânsito é um direito de todo cidadão que se sinta injustiçado ou identifique irregularidades no processo de autuação. No entanto, para exercer esse direito, é fundamental observar os prazos previstos na legislação. Neste artigo, vamos explorar os detalhes sobre os prazos para recorrer de multas, como funciona cada etapa do recurso e os cuidados necessários para evitar perder esse direito.

Entendendo o processo de recurso de multas de trânsito

Quando uma infração de trânsito é registrada, inicia-se um processo administrativo que pode resultar na aplicação de penalidades ao condutor ou proprietário do veículo. O recurso é o instrumento legal disponível para contestar essas penalidades. O processo é dividido em etapas, sendo necessário respeitar os prazos específicos em cada uma delas para garantir a análise do pedido.

O prazo para a defesa prévia

A defesa prévia é a primeira oportunidade para contestar uma autuação antes que a penalidade seja confirmada. O prazo para apresentar a defesa prévia está geralmente indicado na notificação de autuação enviada ao proprietário do veículo. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), esse prazo deve ser de, no mínimo, 15 dias a partir do recebimento da notificação.

Nessa etapa, é possível questionar aspectos formais da autuação, como erros no auto de infração ou a ausência de informações obrigatórias.

O prazo para recorrer à JARI

Se a defesa prévia for indeferida ou não for apresentada, a próxima etapa é recorrer à Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI). Nesse caso, o prazo para apresentação do recurso está especificado na notificação de penalidade. Geralmente, o condutor ou proprietário do veículo tem até 30 dias para apresentar o recurso à JARI, contados a partir do recebimento da notificação.

Essa etapa é essencial para argumentar contra a validade da infração, utilizando provas e fundamentação legal.

O prazo para recurso em segunda instância

Caso o recurso à JARI seja negado, ainda é possível recorrer em segunda instância. Esse recurso deve ser apresentado ao Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN) ou ao órgão equivalente, dependendo da jurisdição. O prazo para interpor esse recurso também é de 30 dias, contados a partir da data em que o indeferimento do recurso anterior foi comunicado.

Essa última etapa administrativa é uma oportunidade para revisar o processo e buscar uma decisão favorável.

Como são contados os prazos

Os prazos para recorrer de multas de trânsito são contados em dias corridos, incluindo sábados, domingos e feriados, a menos que a legislação local ou o órgão autuador determine o contrário. É importante verificar as orientações específicas indicadas nas notificações recebidas para evitar interpretações equivocadas.

Além disso, o prazo começa a contar a partir da data de recebimento da notificação, que pode ser comprovada por meio do aviso de recebimento (AR) dos Correios ou outra forma oficial.

Consequências de perder os prazos

O não cumprimento dos prazos estabelecidos pode resultar na perda do direito de defesa administrativa. Nesse caso, a penalidade será considerada válida e poderá ser aplicada sem possibilidade de contestação. Além disso, multas não pagas dentro do prazo podem gerar a inclusão de pontos na carteira de habilitação do condutor e dificultar o licenciamento do veículo.

Por isso, é fundamental estar atento às notificações recebidas e agir com rapidez para apresentar o recurso.

Importância de reunir a documentação correta

Para aumentar as chances de sucesso no recurso, é essencial reunir todos os documentos e provas que sustentem os argumentos apresentados. Alguns exemplos de documentos que podem ser úteis incluem:

  • Cópia do auto de infração.
  • Notificações recebidas.
  • Fotografias ou vídeos que demonstrem a impossibilidade ou improcedência da infração.
  • Declarações de testemunhas que confirmem a versão apresentada.

Essas provas fortalecem o pedido e ajudam as autoridades a entenderem os motivos da contestação.

O papel do advogado especializado em trânsito

Embora o recurso administrativo possa ser feito sem o auxílio de um advogado, contar com um profissional especializado pode fazer a diferença em casos mais complexos. Um advogado pode:

  • Identificar falhas formais ou técnicas no auto de infração.
  • Elaborar uma defesa bem fundamentada e embasada na legislação vigente.
  • Representar o condutor em todas as etapas do processo, garantindo o cumprimento dos prazos.

A assistência jurídica aumenta as chances de sucesso e proporciona mais segurança ao longo do processo.

Quando recorrer à via judicial

Se todas as etapas administrativas forem esgotadas e a multa for mantida, ainda há a possibilidade de questionar a penalidade judicialmente. Essa alternativa é válida quando existem indícios claros de ilegalidade ou irregularidades no processo de autuação. A ação pode ser movida no Juizado Especial da Fazenda Pública, onde o juiz avaliará a legalidade da multa.

Conclusão

Respeitar os prazos para recorrer de multas de trânsito é fundamental para garantir o direito de defesa e evitar penalidades indevidas. Ao identificar uma infração, revise cuidadosamente as notificações recebidas, reúna documentos e, se necessário, busque orientação especializada para conduzir o processo de maneira eficiente.

Se você acredita que foi autuado injustamente, não hesite em tomar as providências necessárias para recorrer. Com atenção aos detalhes e conhecimento da legislação, é possível assegurar que seus direitos sejam respeitados e evitar penalidades indevidas.