A trombose é uma condição médica caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos em veias ou artérias, o que pode causar sérios problemas de saúde. Quando um coágulo se forma em uma veia profunda, geralmente nas pernas, é chamado de trombose venosa profunda (TVP), e pode ter complicações graves, como a embolia pulmonar, caso o coágulo se desloque para os pulmões. Essa condição pode afetar de forma significativa a qualidade de vida de quem a sofre, inclusive influenciando a capacidade de trabalhar.

Este artigo busca esclarecer se uma pessoa com trombose pode continuar trabalhando normalmente, quais os direitos trabalhistas dessa pessoa e quais as proteções legais disponíveis para garantir a segurança e os direitos dos trabalhadores que enfrentam essa condição.

O que é trombose e como ela afeta o corpo

A trombose ocorre quando o sangue se coagula de maneira anormal, formando um coágulo que obstrui uma veia ou artéria. Esse coágulo pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum nas pernas, onde a trombose venosa profunda (TVP) ocorre. Em casos graves, o coágulo pode se deslocar para os pulmões, causando uma condição conhecida como embolia pulmonar, que é extremamente perigosa.

A trombose pode ser desencadeada por vários fatores, como imobilidade prolongada, uso de contraceptivos orais, obesidade, cirurgia recente, varizes ou doenças cardíacas. Os sintomas mais comuns incluem dor, inchaço, vermelhidão e sensação de peso nas pernas afetadas, mas a condição pode ser assintomática, o que torna o diagnóstico mais difícil.

O tratamento da trombose envolve o uso de anticoagulantes, que ajudam a prevenir o crescimento do coágulo e a formação de novos. No entanto, esse tratamento pode levar algum tempo, e o paciente pode precisar de repouso e acompanhamento médico contínuo.

Pode quem tem trombose trabalhar normalmente?

A capacidade de uma pessoa com trombose continuar a trabalhar normalmente depende de vários fatores, incluindo a gravidade da condição, os sintomas que ela apresenta, o tratamento em curso e as exigências do trabalho que a pessoa exerce. Em casos leves de trombose, onde o coágulo é pequeno e o paciente não apresenta sintomas graves, pode ser possível continuar trabalhando normalmente, com algumas precauções.

No entanto, em casos mais graves de trombose, especialmente quando há dor intensa, inchaço ou risco de complicações, a pessoa pode precisar de afastamento temporário do trabalho. A imobilização da área afetada e a necessidade de repouso para evitar a formação de novos coágulos podem tornar difícil para o trabalhador continuar exercendo suas funções normais, especialmente se o trabalho exigir esforço físico ou longos períodos em pé.

Além disso, a pessoa que está em tratamento com anticoagulantes precisa ter cuidados especiais, pois existe o risco aumentado de sangramentos, o que pode afetar sua capacidade de realizar tarefas no trabalho que envolvem risco de lesões ou acidentes.

Direitos trabalhistas de quem sofre de trombose

Para os trabalhadores que sofrem de trombose e têm sua capacidade de trabalhar comprometida, existem diversos direitos trabalhistas garantidos por lei, que buscam proteger sua saúde e garantir o afastamento necessário do trabalho sem prejuízo financeiro. O trabalhador com trombose tem direito a diversas modalidades de benefícios, dependendo da situação específica e das orientações médicas. A seguir, vamos detalhar alguns desses direitos:

Afastamento do trabalho por motivo de saúde

Se a trombose for grave e comprometer a capacidade de o trabalhador desempenhar suas funções, ele pode ser afastado do trabalho por meio do benefício de auxílio-doença. O auxílio-doença é um benefício pago pelo INSS para trabalhadores que estão temporariamente incapazes de trabalhar devido a uma condição de saúde.

Para solicitar o auxílio-doença, é necessário que o trabalhador apresente laudos médicos que comprovem a gravidade da trombose e a incapacidade de realizar suas atividades profissionais. Esse benefício pode ser concedido tanto para trabalhadores com contrato de trabalho formal quanto para autônomos, desde que atendam aos requisitos de contribuição ao INSS.

Estabilidade no emprego após o retorno ao trabalho

Após o retorno ao trabalho, o trabalhador que sofreu um afastamento por motivo de saúde tem direito à estabilidade no emprego, conforme a legislação trabalhista. De acordo com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o trabalhador que fica afastado por mais de 15 dias devido a uma condição de saúde tem direito à estabilidade no emprego por um período de até 12 meses após o retorno.

Isso significa que o trabalhador com trombose, após ser afastado e retornar ao trabalho, não pode ser demitido sem justa causa durante o período de estabilidade, o que lhe garante maior segurança e tranquilidade financeira.

Adaptação do ambiente de trabalho

Em alguns casos, o trabalhador com trombose pode precisar de ajustes no ambiente de trabalho para garantir que ele possa realizar suas atividades de forma segura e confortável. Isso pode incluir mudanças nas condições de trabalho, como a redução da carga de trabalho, a modificação da postura exigida ou a implementação de pausas frequentes para que o trabalhador possa se mover e evitar a formação de novos coágulos.

Além disso, o empregador deve garantir que o trabalhador tenha acesso a condições adequadas para o seu tratamento, como horários para consultas médicas e a possibilidade de se submeter a tratamentos médicos sem que isso afete sua remuneração.

Aposentadoria por invalidez em casos de complicações graves da trombose

Nos casos em que a trombose causa complicações graves, como a embolia pulmonar, ou quando a condição se torna crônica e compromete permanentemente a capacidade de trabalho, o trabalhador pode ter direito à aposentadoria por invalidez. A aposentadoria por invalidez é um benefício concedido pelo INSS aos trabalhadores que se tornam incapazes de realizar suas atividades profissionais de forma permanente devido a uma doença ou condição de saúde.

Para que a aposentadoria por invalidez seja concedida, o trabalhador deve passar por uma perícia médica do INSS, que avaliará o grau de incapacidade causado pela trombose e determinará se a condição realmente impede o trabalhador de exercer suas funções de maneira permanente.

A importância do acompanhamento médico e do laudo médico

A trombose é uma condição que exige acompanhamento médico constante, principalmente para evitar complicações graves, como a embolia pulmonar. O trabalhador com trombose deve ter relatórios médicos detalhados que comprovem a gravidade da condição, o impacto no trabalho e a necessidade de afastamento temporário ou permanente. Esses laudos médicos são essenciais tanto para solicitar benefícios como o auxílio-doença quanto para garantir a concessão da aposentadoria por invalidez, se necessário.

Conclusão

Quem sofre de trombose pode, sim, continuar trabalhando dependendo da gravidade da condição e da natureza do trabalho que exerce. Se a condição for leve e bem controlada, é possível que o trabalhador consiga realizar suas funções normalmente, com algumas precauções. No entanto, quando a trombose é grave ou causa complicações, o trabalhador pode precisar de afastamento temporário ou permanente.

Os direitos trabalhistas de quem sofre de trombose incluem o afastamento por auxílio-doença, a estabilidade no emprego após o retorno e a adaptação do ambiente de trabalho para garantir a saúde e segurança do trabalhador. Caso a condição evolua para uma incapacidade permanente, o trabalhador tem direito à aposentadoria por invalidez, desde que comprove a impossibilidade de exercer suas funções.

É fundamental que o trabalhador com trombose tenha acompanhamento médico regular e que a condição seja devidamente documentada para garantir seus direitos trabalhistas e previdenciários.